ENTREVISTA COM ENGENHEIRO BRASILEIRO - ARÁBIA SAUDITA
- Lucia Bigo
- 18 de mar. de 2024
- 4 min de leitura
Que riqueza essa entrevista que o Engenheiro Bruno Balbi da Costa concedeu da Arábia Saudita para a “Lucia Bigo Entrevista Engenheiros e Arquitetos pelo Mundo!”
- Aproveito para deixar aqui meu alerta sobre tantas facilidades vendidas atualmente para a área de #TI – #Tech – #Tecnologia.
Boa leitura!
1 - O que o levou a sair do Brasil?
A desvalorização que o engenheiro passa ano após ano no país. Tais como criações de cargos como Analista de Engenharia, salários abaixo do piso, dentre outros.
2 - Demorou quanto tempo desde a decisão de trabalhar no exterior até a sua ida / concretização?
Profissionalmente falando sempre tive como meta sair para trabalhar no exterior, mas a decisão foi maturada durante a graduação em engenharia, já que neste período eu trabalhava com expatriados em território brasileiro. Durou 10 anos até se concretizar tudo.
3 - Quais países você tinha em vista?
Países europeus, Estados unidos e Austrália a princípio.
4 - Você tem ascendentes (pai / mãe / avós) Sauditas? Já possui a cidadania?
Não tenho ascendentes sauditas e nem cidadania.
5 - Foi necessário Revalidar seu Diploma? Ou solicitar seu credenciamento em algum órgão para poder exercer a profissão?
Não foi necessário revalidar o diploma. Sou registrado como Engenheiro de Computação no CREA e Engenheiro Eletrotécnico na Ordem dos Engenheiros de Portugal. Esse registro em Portugal que foi utilizado como base para a contratação pois a empresa que eu trabalho é italiana.
6 - Viajou já com emprego garantido/contratado (com Patrocinadores - iqama) ou a busca foi realizada quando chegou ao país?
Viajei com o contrato de trabalho assinado e também o visto.
7 - Qual tipo de Visto utilizou?
Visto de negócios para a entrada no país e visto de trabalho posteriormente.
8 - Quais idiomas você fala? E qual o que mais utiliza?
Inglês avançado e francês básico. Utilizo largamente o inglês e francês em algumas ocasiões com alguns colegas franceses.
9 - O que achou dos processos seletivos? Foram rápidos? Quais são os diferenciais para com os do Brasil?
O processo seletivo não foi tão rápido, em torno de três meses desde as primeiras etapas até a assinatura do contrato. O diferencial para com o Brasil é o enfoque no conhecimento técnico. Ainda lembro da entrevista técnica com duração de 1:30h com muitas perguntas técnicas que exigiam conhecimento específico.
10 - Está atuando na sua área de formação/especialização?
Sim. Atualmente trabalho com a parte de integração e segurança de sistemas TI/TA (Tecnologia da Informação/Tecnologia da Automação)
11 - O mercado árabe é muito concorrido? Pode fornecer alguns detalhes?
Ainda não muito por ser um país com restrições severas e não muito escolhido pelos profissionais. Existem ótimas oportunidades para quem não tem problemas em seguir normas e regras.
12 - Considera ser vantajoso em termos salariais e benefícios em relação ao Brasil?
Em termos salariais não tem comparação. Um engenheiro aqui ganha em média 2 vezes em comparação ao Brasil.
13 - Poderia dar uma ideia de valores (dólar americano) para cargos Júnior, Pleno e Sênior na sua área?
Um júnior ganha em média US$2500, enquanto um pleno em média US$4500. Já o sênior em média US$7500
14 - Sentiu diferenças técnicas em relação ao trabalho do engenheiro no Brasil e no país que você está? Precisou de fazer cursos extras ou alguma especialização?
Não senti diferenças já que existem normas como ISO, IEC que são padrões em qualquer país. Cursos extras sempre estamos fazendo para nos manter atualizado.
15 - Recomenda algum conhecimento específico (cursos / certificações / experiências)?
Para a minha área de atuação foi necessário muito conhecimento de redes, banco de dados e automação. Certificações Cisco, Palo Alto, sempre são bem-vistas.
16 - Trabalhar embarcado foi uma escolha livre ou opção única?
Já estou nesta área desde 2004. Comecei na área de instrumentação como técnico. Foi através de meu pai, que só tem o ensino médio que fui incentivado a ir para a área de TI.
17 - Algum impacto atípico ao iniciar suas atividades? Como foi a adaptação com a língua, horários, clima, refeições, transporte?
Acho que a ansiedade foi algo que mexeu comigo logo que cheguei a primeira vez. A língua não foi uma barreira pois o inglês é usado para a comunicação. Quanto ao horário foi difícil a adaptação pois são 6 horas de diferença em relação ao Brasil. As refeições foram impactantes. Aqui não se come carne de porco por exemplo e nem seus derivados. Feijão não encontramos, essas coisas que nós brasileiros amamos. A viagem dura em média 19 horas até chegar em Vitória/ES.
18 - Muito se ouve falar sobre a dificuldade com moradias: encontrar imóveis para alugar. Sentiu essa dificuldade? O fato de ser brasileiro causou algum desconforto para essa finalidade?
A moradia para mim não foi problema. Como trabalho em escala de 28 dias de trabalho por 28 dias de folga, atualmente continuo morando no Brasil. Estudo a possibilidade de morar em Portugal para diminuir a distância e as horas de voo.
19 - Acredita que é mais fácil para engenheiros experientes como você conseguirem emprego ou recém-formados teriam chances também?
Recém-formados tem chances e muitas. Muito das grandes empresas tem seus programas de trainees que possibilitam os graduados a terem experiências internacionais, inclusive algumas delas, tem isso como uma premissa.
20 -Poderia dar algum conselho profissional para engenheiros que procuram trabalho na Arábia?
Haja com ética profissional. Aqui a premissa é dizer a verdade sempre. Conheci alguns profissionais que foram “banidos” do país por esconderem problemas técnicos críticos e hoje estão em uma blacklist do governo.
Engº. Bruno Balbi Costa
Dammam, Província Oriental, Arábia Saudita
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Obs.: O intuito das entrevistas é dar um flash real do exercício da profissão em outros países. Cabe a você Engenheiro procurar sempre os “Órgãos oficiais” para obter informações. Cuidado com “as lendas” e busque conhecer profissionais que estão “atuando de verdade” nos países desejados.
Meus sinceros agradecimentos Bruno e desejo muito mais sucesso em sua carreira!
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